Mellanie’s
POV
Os dias haviam passado rápido demais, nenhum atentado por
parte de Justin, ou quem seja. Estava até calmo demais. Fazia uns dois dias que
Renan havia chegado de viagem, então ia ver os galpões junto com ele. Lilly às
vezes ia com a gente, outras não porque ela também tem suas coisas para
resolver. Só pra lembrar meus capangas e seguranças que ficavam na casa do
Justin junto comigo, já estão aqui na minha mansão. Cuidando da minha
segurança, que foi redobrada.
Estava – como todas as tardes desde que voltei
para minha mansão – brincando com o Jason no jardim, estávamos jogando bola e
eu estava perdendo por cinco a dois, eu sei , sou péssima nisso. Jason ria
enquanto corria atrás da bola, e me fazia abrir um sorriso enorme ao vê-lo
feliz, sorrindo, se divertindo, não a nada melhor. Jason foi a melhor coisa que
aconteceu na minha vida, e por um lado, deveria agradecer Justin por ter me
dado esse presente.
- Ah Jason, cansei! – disse respirando fundo e sentando
na grama.
Estava cansada de correr o jardim todo atrás de uma bola.
Estou muito velha para isso.
- Naum mamãe, vem. – ele disse parando, veio até mim e
segurou em minhas mãos, as puxando pra eu levantar.
- A mamãe está velha demais para essas coisas. – disse e
ele riu.
- Naum mamãe.
- Mamãe tá oh... – me deitei na grama com os braços
abertos. – Morta. – disse e fechei os olhos.
- Ta naum. – Jason disse e senti ele deitar em cima de
mim. – Acoda mamãe, binca comigo. – apertou meu rosto com suas mãozinhas.
- Vou brincar, mais de... Cócegas. – disse e comecei a
fazer cócegas nele.
- Nauuuuum, pa-pala. – ele dizia entre risadas.
Eu parava e continuava com as cócegas em sua barriga,
pescoço e pés.
- Mamaaaaãe. Pala, pa-pala.
- Ok parei, agora vamos entrar e tomar um banho seu
porquinho. – beijei seu nariz.
- Ah naum... – reclamou e ameacei de continuar com as
cócegas. – Ah xim. – ele disse me fazendo rir e recebi um beijinho no nariz
também.
Nos levantamos e deixamos a bola por lá mesmo. Segurei em
sua mão e entramos em casa, ah consegui trazer a Rose de volta, se o Justin
pensou que ia ficar com a Rose ele estava redondamente enganado. Não fico sem a
comida dela.
- Rose, onde está a Jack? – perguntei.
- Ela saiu senhora, foi comprar alguma coisa que eu não
sei o que é.
- Ah tudo bem.
Ela sorriu e subi com o porquinho pra tomar banho. Dei banho nele de chuveiro mesmo, lavei seu
cabelo e depois enxuguei. Peguei uma toalha o enrolando todo e o coloquei em
cima da cama, ele logo tratou de se livrar da toalha e ficar pulando feito
louco na cama e ainda cantava uma música escrota dos desenhos que ele assiste.
Balancei a cabeça negativamente mais ele pareceu não se importar, fui pegar seu
pijama, estava na hora de Jason dormir um pouco. O vesti e penteei seus
cabelos, passei seu perfume fraco que vinha em um frasco em formato de
carrinho. Liguei a TV para ele, e fui tomar meu banho.
Jack’s
POV
A senhora Mellanie estava brincando com o pequeno Jason
no jardim, não quis incomodar e resolvi ir comprar um vestido lindo que eu vi na
vitrine de uma loja aqui perto. Ele é simples, mas eu gostei muito. Fui a pé
mesmo, porque não tenho essa audácia de pedir que algum dos seguranças vá
comigo porque eu não passo de uma simples babá e não posso me dar a esse luxo.
Caminhei um pouco até chegar à loja, entrei e pedi a moça para experimentar o
vestido que estava na vitrine, ela me entregou e entrei em uma das cabines para
trocar. Só que não havia espelho lá dentro, os espelhos eram no lado de fora.
Saí e me olhei no espelho, eu gostei. É um vestido meigo e meio rodado,
perfeito.
- Ficou lindo em você.
Vi pelo reflexo do espelho uma mulher linda, nunca a
tinha visto antes. Ela sorriu e me virei sorrindo também.
- Ah... Obrigada. Também gostei. – disse e voltei a me
olhar no espelho.
- É pra usar em alguma ocasião especial? – a mesma moça
perguntou.
- Não, até porque eu sou babá e não tenho ocasiões
especiais para ir. – disse e ela me olhou curiosa.
- Babá? Me desculpe, mas você ganha muito bem para uma
babá, pelo o que eu sei esse vestido não é muito barato.
- Sim, minha patroa é muito boa, e creio que dinheiro não
falta para ela.
- Hum... – ela disse pensativa. – Devo conhecê-la, afinal
conheço muita gente importante, ela deve ser não é?
- Sim ela é demais. De dar inveja.
- Como ela se chama?
- Mellanie Fox. – murmurei.
- Mellanie... Esse nome não me é estranho. Oh me
desculpe, nem me apresentei. Me chamo Bruna, prazer. – ela estendeu a mão para
mim.
- Prazer, meu nome é Jack. – apertei sua mão. – Bom, vou
me trocar.
- Ah claro... – ela distanciou-se.
Entrei no trocador e tirei o vestido colocando minha
roupa. Fui até o caixa, e paguei o vestido. Ia saindo da loja quando a Bruna me
acompanhou.
- Bom... Você já vai embora? – ela me perguntou.
- Sim, eu tenho que cuidar do pequeno Jason.
- Jason?
- É, o garotinho que eu cuido que é filho da dona
Mellanie.
- Nossa, sou apaixonada por crianças. Sabe... Eu tenho um
passado doloroso, por isso que amo qualquer tipo de criança.
- Mas por quê? – perguntei curiosa.
- Podemos conversar ali na praça? A história é meio
longa, e como sua patroa é boa não vai se importar se você demorar um pouco né?
– ela disse e concordei com a cabeça. – Então vamos lá.
Chegamos até uma praça ali perto e sentamos no banco.
Bruna começou a contar sua história e chorou por um bom tempo, era realmente
triste. Seu filho nasceu morto, ela nem teve tempo de “ser mãe”, fiquei até com
pena dela com a sua história. Imagino como foi doloroso ela superar isso tudo.
- E pra completar o homem que eu amava me deixou, eu
fiquei sem chão. – ela disse enxugando as lágrimas enquanto eu tentava
acalmá-la.
- Imagino como foi difícil. Mas acho que se Deus não
permitiu que você fosse mãe era porque não era sua hora, ele sabe o que faz.
- Também penso assim, por isso que fiquei mais
conformada. – suspirou. – Bom... Eu amo crianças, me sinto bem perto delas,
você poderia trazer o Jason para me ver? Tenho certeza que me fará bem.
- O Jason? Acho que não seria uma boa idéia. A dona
Mellanie não gosta que eu saia com ele, até porque é perigoso.
- Eu entendo preocupação de mãe. Se eu tivesse meu bebê
também ficaria preocupada. – ela começou a chorar novamente.
Juro que senti muita pena dela, e trazer o Jason não
faria mal algum né? Ela é só uma pobre mulher que não se recuperou do trauma.
- Tudo bem, não precisa ficar assim. – disse a acalmando.
- Vou trazê-lo amanhã ok? Tenho certeza que ele te fará bem, Jason é um amor de
criança.
- Jura? – ela sorriu limpando as lágrimas. – Nossa muito
obrigada você não imagina como isso me fará bem. – me abraçou.
- Por nada. Eu gosto de ajudar.
- Você não tem idéia de como vai ajudar. – ela disse por
fim.
Combinamos horários para ela poder ver Jason, e marcamos
que iria ser na praça mesmo. Me despedi dela e voltei para a mansão da dona
Mellanie.
Mellanie’s
POV
Renan me ligou para que fossemos resolver algumas coisas.
Me arrumei rapidamente,peguei meu celular colocando no bolso do short e minha
arma por debaixo da blusa. Dei um beijinho em Jason e desci, dei de cara com a
fugitiva da Jack chegando com uma sacola com um emblema de uma loja na mão.
- Que bom que chegou... – disse.
- Desculpa senhora, eu não quis incomodar e... – ela
disse nervosa.
- Hey. – ri fraco – Calma. – fiz um gesto com a mão. - Eu
sei que você foi fazer compras, relaxa aí.
Eu vou sair agora, fique de olho no Jason. Ah, ele vai acordar faminto.
- Ok senhora. Salada de frutas?
Concordei com a cabeça e fui até a garagem pegando minha
Mercedes. Saí cantando pneus , passei pelo portão e pisei fundo indo em direção
ao galpão meio próximo daqui. Ao chegar lá vi o carro do Renan estacionado,
estacionei perto e desci. Os capangas abriram o enorme portão e entrei, Renan
olhava alguma coisa no computador.
- Cheguei. – disse parando atrás dele.
- Que bom. – ele me olhou de relance. – Preparada para a
notícia?
- Que notícia? – perguntei curiosa.
- Bieber e seus amiguinhos roubaram uma pequena carga de
propina.
- E daí?
- E daí que essa carga era nossa.
- O QUÊ? QUE FILHO DA PUTA. – passei a mão entre os
cabelos.
- Exatamente. Iríamos receber hoje pela manhã, e quando
nossos homens chegaram lá só tinha poeira.
- Desgraçado. Ele quer me ver afundar? Isso não vai
acontecer. Quero que você procure saber qual a próxima carga e de quê Justin
vai receber. Vamos ver quem vai sair ganhando nessa.
Renan concordou com a cabeça e foi fazer algumas ligações
enquanto ele mexia no computador. Peguei um notebook aqui perto e fui atrás de
mais informações. Já estava anoitecendo, fomos embora do galpão. Ia apostando
corrida com o Renan, mais como sempre ele estava ganhando, paramos em um sinal
vermelho e ele ficou se gabando em seu carro com o vidro abaixado, mandei um
dedo do meio para ele que riu. Ouvi um disparo e pegou em cheio no meu
retrovisor direito.Olhei pelo retrovisor esquerdo e tinha um carro preto atrás
de nós, não deixei o sinal abrir e pisei fundo desviando dos carros, Renan
vinha atrás. Que merda, esse carro não é blindado, peguei minha arma e abaixei
o vidro, dei alguns disparos mais não vi se pegou.
- Que merda é essa? – Renan perguntou pelo rádio.
- Eu não sei.
- Pise fundo, vou te escoltar. O meu carro é blindado.
- Estou pisando.
- Que merda, me lembre de mandar colocar turbo nesses
teus carros Mellanie. – ele bufou.
Mais tiros, eu só tentava desviar dos tiros. Um pegou no
vidro traseiro que se quebrou em mil pedaços. Eu não conseguia ver a cara do
desgraçado, ele estava encapuzado.
- Droga, só pode
ser o filho da puta que Justin contratou.
- Disso eu não tenho mais dúvidas. – Renan disse. –
Mellanie, quero que vá fazendo cobrinhas no meio da rua, entendeu?
- O quê?
- Vai te ajudar a livrar de mais tiros, a não ser que
você queira levar um tiro na nuca.
- Tudo bem, entendi...
Comecei a fazer o estilo ziguezague no meio da pista, era
difícil porque ainda tinha que desviar dos outros carros. Coloquei minha arma
novamente para fora, e tentei mirar no pneu, dei dois disparos e um por sorte
pegou no pneu, mas o desgraçado não parava. Renan estava do meu lado atirando.
- Ele não vai nos alcançar. Pise fundo. – Renan disse.
- Ok.
Fiz o que ele pediu e conseguimos despistar do
desgraçado. Bufei batendo no volante ao parar no portão da minha mansão, Renan
bateu no vidro e abaixei.
- Está tudo bem aí? – ele perguntou.
- Sim está. Só o carro que não.
Renan riu fraco.
- Isso é o de menos. Agora você sabe que o Bieber não
está de brincadeiras.
- Eu também não. Ele que mande mais esses pau mandados
pra eu deixá-los iguais a peneiras, a sorte dele foi que não peguei um carro
blindado porque se não, ele estaria fodido.
- Entendi. – ele riu. – Vou ter que ir agora. Qualquer
coisa me liga. – ele fez um telefone com os dedos, ri fraco e assenti.
Renan entrou no seu carro e entrei em casa. Mandei logo
aquele carro para a oficina. Entrei no meu quarto e joguei a chave do carro em
cima da cama, junto com o celular e minha arma descarregada. Me joguei em cima
da cama também encarando o teto.
- Senhora? – ouvi uma das empregadas me chamar.
Confesso que só sei o nome da Rose e da Jack.
- Oi. – respondi.
- A senhora vai jantar agora?
- Sim, pode pôr na mesa. Só vou tomar um banho rápido. –
disse tirando a blusa. – Onde Jason está?
- Com a Jack, senhora. – ela disse do outro lado da
porta.
- Ok, pode ir.
Terminei de tirar minha roupa e entrei debaixo do
chuveiro, não demorei muito. Vesti logo meu baby doll e desci. Jason já estava
sentado na cadeirinha e Jack o ajudava a comer. Me sentei de frente para eles e
coloquei minha comida, não comi muito porque o apetite tinha fugido. Dispensei
as empregadas e subi com o Jason, nos deitamos na cama e liguei a TV. Fiquei
olhando para Jason enquanto acariciava seus cabelos, ele mantinha o olhar fixo
na TV parecia tão concentrado. Me peguei novamente pensando em como ele é
parecido com o Justin, isso é incrível. Parece que todos os traços de Justin estão
em Jason. Ele só herdou de mim os olhos azuis, porque o resto, pode-se dizer
que é Justin em miniatura. Droga, só falo em Justin. Jason aninhou-se mais em
meus braços, colocando sua perninha em cima da minha barriga e a cabeça em meus
seios. Sua mão estava pousada perto da cabeça, parecia um anjinho, ele bocejou
e fechou os olhos.
- Te amo mamãe. – ele disse baixinho.
- Eu também meu amor. - beijei sua testa. – Eu também.
Desliguei a TV e fui tentar dormir um pouco. Algo me
dizia que o dia não seria um dos melhores.
Acordei com Renan me ligando, me informando qual a
próxima carga do Justin. Ele irá receber uma amanhã, quer dizer, se for por mim
ele não vai ver nem a cor.
A manhã havia passado rápido, pois boa parte eu fiquei
brincando com o Jason. Tomei um banho e me arrumei. Chamei a Jack e passei
todas as recomendações como sempre.
- A mamãe já volta ok? – disse para Jason que assentiu. –
Cadê meu beijo? – apontei para a minha bochecha, ele largou o brinquedo e veio
me abraçar dando um beijo nos dois lados do meu rosto, sorri. – Se comporta em.
- Ta.
O deixei no quarto e desci, fui à garagem e escolhi um
carro, passei pelo portão e fui até o galpão. Durante a tarde senti um mal
pressentimento, às quatro horas da tarde meu celular começou a tocar, senti um
aperto no peito e atendi. Jack chorava desesperadamente do outro lado da linha
e já esperava pelo pior.
- Senhora, eu não tive culpa. – ela dizia entre soluços.
– Eu...
- Jack, pelo amor de Deus, me diz o que aconteceu.
Respira fundo e me fala.
- Eu fui passear com o Jason aqui na praça...
- Quantas vezes eu te falei que não era pra sair com o
Jason? – disse irritada.
- Eu sei, mas... Eu conheci uma mulher ontem, ela me contou
que havia perdido o bebê e...
- Não quero saber de mais nada. Onde está o meu filho? –
perguntei nervosa.
- Ela o levou.
- O QUÊ? COMO ASSIM ELA LEVOU O MEU FILHO?
- Foi muito rápido. Eu não consegui alcançá-la. Ela levou
o Jason senhora. – ela começou a chorar novamente.
Me sentei no sofá do galpão e encarei o nada tentando
absorver a informação. Eu não sei se chorava ou se ia revirar Los Angeles.
- Mellanie, o que houve? Você está pálida! – Renan sentou
ao meu lado.
- Renan, pegaram o Jason.
- O Jason? – assenti com a cabeça segurando as lágrimas.
– Quem?
- Uma mulher. Eu não sei quem é. Jack deve saber. –
entreguei o celular para ele.
Ele começou a falar com ela. Mas eu estava em outro
mundo. Pegaram o meu filho, o meu Jason. Será que eles têm noção que mexeram
com a mãe errada?
- Calma, nós vamos achá-lo. Já liguei para todos vieram
para cá.
- Ai meu Deus, que tipo de mãe eu sou? – as lágrimas já
desciam e embaçavam a minha visão.
- Não se culpe. – Renan me abraçou e chorei ainda mais. –
Você vai ver, vamos pegá-lo e acabar com a vadia que fez isso.
- Deus proteja o meu Jason. – solucei.
(...)
Eu não tinha parado um segundo se quer. E ainda não tinha
nenhuma pista onde essa maldita tenha ido com o meu filho. Tentava não chorar,
porque as lágrimas atrapalhariam minha visão, mas era inevitável não soltá-las.
Eu só conseguia imaginar o pior, meu peito apertava ainda mais. Sentia Jason
mais longe de mim. Havia homens espalhados por toda a cidade, mas não se
encontrava nada. Eu estava desesperada. Parei num acostamento e chorei como
nunca havia chorado antes. Uma dor de perda corroia meu ser. Não, não posso
ficar sem meu filho, ele é tudo pra mim. Meu celular começou a tocar, era
Lilly.
- Amiga, já soube o que aconteceu. Onde você está?
- Eu não sei. – murmurei. – Lilly, pegaram meu menino. –
as lágrimas desciam feito uma queda de cachoeira.
- Ai senhor, como
isso foi acontecer? – sua voz parecia chorosa. – Nós vamos encontrá-lo.
- Eu não tenho mais certeza disso Lilly, já são três
horas da manhã e não parei um segundo se quer, e não encontrei nada. Ninguém
sabe de nada.
- Amiga, vai pra casa. Deixa que o Renan comanda tudo,
você precisa descansar.
- Eu não vou conseguir descansar Lilly, sabendo que
alguém está com o meu filho, só Deus sabe o que estão fazendo com ele.
- Eu sei o quanto é difícil. Mas você tem que descansar,
prometo que amanhã bem cedo eu vou procurar com você. Vai pra casa, por favor,
estou indo para lá.
- Tudo bem... – murmurei. – Vou avisar o Renan.
- Ok.
Desliguei e chamei Renan pelo rádio.
- Sabe de alguma coisa? – perguntei.
- Nada. – ele respondeu.
Suspirei e limpei as lágrimas.
- Eu vou para casa, mas amanhã vou continuar com as
buscas.
- É o melhor que você faz. Fique tranqüila, nós vamos encontrá-lo.
- Ok.
Liguei o carro e fui para a casa. Meus pensamentos
estavam a mil e eu não conseguia parar de pensar no Jason, de como ele estava
agora. Se tinham o alimentado, se não o machucaram, se estão cuidando dele. Fui
o resto do caminho chorando, cheguei em casa completamente acabada, vi o carro
da Lilly. Entrei e ela estava na sala, ela levantou-se e veio me abraçar,
chorei ainda mais. Molhando sua blusa, ouvi seus soluços também. Lilly sofria
junto comigo.
- Vem, você precisa descansar. – ela disse limpando
minhas lágrimas.
Subimos as escadas e entrei no meu quarto. Dei de cara
logo com os brinquedos do Jason em cima da cama, foi quando a dor apertou ainda
mais. O meu choro era incontrolável, assim como o que eu estava sentindo
também. Passei direto para o banheiro, me despi e tomei um banho rápido, vesti
meu baby doll. Os brinquedos do Jason já não estavam mais em cima da cama. Mas
seu cheiro de bebê permanecia ali, me sentei na cama e abracei o travesseiro.
- Tenta dormir.
- Eu não vou conseguir. – disse para Lilly.
- Você jantou? – neguei com a cabeça. – Vou pegar alguma
coisa.
- Não Lilly, eu não estou com fome.
- Já são quatro da manhã, dorme um pouco. Daqui a algumas
horas sairemos de novo.
- Não dá.
Passei o resto da madrugada acordada, e Lilly também.
Várias hipóteses vinham em mente. Será que Justin teria essa coragem de pegar
Jason? Mas se ele fez isso, eu vou acabar com ele. Eu juro. Como esperado, não
preguei os olhos um instante se quer. O dia já nascia lá fora, me levantei e
fui ao banheiro, depois troquei a roupa e recarreguei minha arma.
- Você não precisa ir, se não quiser. – disse para Lilly.
- É claro que eu vou. Está pronta? – assenti com a
cabeça. – Vamos.
Saímos de casa e iríamos por Los Angeles de cabeça para
baixo novamente. Meio dia meu celular tocou, era um número desconhecido. Iria
desligar, mas Lilly me convenceu de atender.
- Alô? – atendi.
Reconheci aquela voz nojenta, o ódio tomou conta logo de
mim. Parei em um acostamento.
- Seu filho da puta, o que você quer? – perguntei.
- Eu não quero nada. Só quero te avisar que estou com
algo que te pertence. – ele riu irônico.
- Do quê está falando?
- Isso te responde? – ele disse e ouvi o choro incessante
do Jason, um nó se formou em minha garganta e meus olhos marejaram.
- Desgraçado. Devolve meu filho, eu juro que vou acabar
com você.
- Quer se despedir dele? Um bieberzinho a mais ou a menos
não irá fazer falta, certo?
- Luc, por favor. Não faz nada com ele. – solucei. – O
seu problema é comigo, não com ele.
- O meu problema é com todos vocês. E estou resolvendo do
menor para o maior. Plano de mestre não acha?
- NÃO ENCOSTE O DEDO NO MEU FILHO.
- Ma-mamãe. – ouvi Jason entre soluços.
- Meu amor, eu vou te tirar daí. Vai ficar tudo bem.
- Oh isso é tão comovente. Acho que escorreu uma lágrima
aqui. – Luc riu ironicamente. – Não se preocupe, porque não vai ficar nada bem.
– ele riu novamente e desligou na minha cara.
O celular escorregou entre meus dedos e apoiei a cabeça
no volante chorando muito. Cada lágrima era correspondia a dor que eu estava
sentindo.
- Lilly, o Luc está com o Jason.
- O Luc? Que filho da puta. E agora?
- E agora que eu não sei o que fazer.
- Talvez tenha uma solução.
- Qual?
- Pedir ajuda ao Justin.
- Justin? Ele não vai querer nem olhar na minha cara, é
provável que ele me expulse a tapas.
- Você tem que contar a verdade para ele Lilly. Não vamos
conseguir pegar Jason sem a ajuda dele. Você sabe que Justin é bem esperto.
- Eu não vou contar que ele é pai do Jason.
- É isso ou...
- Eu sei amiga, então nós vamos agora para lá e você vai
contar tudo. Justin não vai ficar com os braços cruzados sabendo que Luc está
com o filho dele.
- E se ele não acreditar? – perguntei.
Liguei o carro e fui em direção a mansão do Justin.
Entrar lá que seria difícil. Por sorte, estava no horário do almoço e ficava só
o porteiro lá. Ele era novo, Lilly ficou de papo com ele e consegui entrar
rapidamente. Dei a volta até os fundos da casa e entrei por uma porta onde as
empregadas saiam, destravei minha arma e caminhei até a cozinha, tinha uma
empregada limpando algumas coisas. Cheguei por trás e tampei sua boca colocando
a arma em sua cabeça.
- Shi, eu vou te soltar mais se você gritar ou algo do
tipo, eu esmago seus miolos com isso aqui. Entendido? – ela concordou com a
cabeça. – Ótimo.
Tirei a mão da boca dela. Sua expressão era de pavor.
- Onde estão todos da casa? – perguntei.
- Só está o senhor Bieber no quarto. Os outros saíram
para passear.
- Tem certeza? – ela concordou com a cabeça. – Espero que
não seja mentira.
- Não é.
- Agora você vai fingir que nada aconteceu aqui e voltar
a limpar isso ai quietinha. Ouviu?
- Sim senhora.
- E os seguranças lá em cima?
- Saíram para acompanhar a família Bieber, têm poucos lá
fora.
- Ótimo.
Tirei a arma da sua cabeça e caminhei rapidamente até as
escadas. Caminhei pelo corredor e realmente não tinha nenhum segurança. Cheguei
até a porta do quarto do Justin e confesso que fiquei bastante nervosa. Mas era
a vida do meu filho que estava em jogo, e eu faria tudo para salvá-lo. Coloquei
a mão na maçaneta e girei devagar, abri a porta e apontei minha arma para
dentro. Justin não havia notado minha presença ainda, pois estava muito
concentrado no notebook que se encontrava em suas pernas.
- Justin. – o chamei baixinho, engoli a seco quando ele
me olhou.
- O que você faz aqui? – ele levantou-se num pulo e veio
até a mim.
- Não se aproxima. – destravei a arma. – Precisamos
conversar.
- Conversar? – ele riu ironicamente. – Eu não tenho nada
pra conversar com você.
- Mas eu tenho e você vai me ouvir. A vida do Jason está
em risco.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Você vai deixar Luc matar seu filho? – perguntei
deixando algumas lágrimas escapar enquanto segurava a arma tremula.
- Que filho? Eu não tenho filho nenhum. – ele disse me
encarando, nem ele mesmo tinha certeza de suas palavras.
- Sim você tem. O Jason é seu filho.
- Isso é mentira. – ele passou a mão entre os cabelos. –
Você está mentindo. – ele deu mais alguns passos e mirei a arma para ele.
- EU QUERIA QUE FOSSE MENTIRA, MAS NÃO É. JASON É SEU
FILHO CARALHO, VOCÊ NUNCA IRIA SABER SE ISSO NÃO ESTIVESSE ACONTECENDO. –
limpei as lágrimas com as costas das mãos.
- Eu não acredito em você, não pode ser. Você some por
dois anos e agora vem me dizer que Jason é meu filho? Sabe lá com quem você
dormiu.
- Você foi o único homem que tocou em mim, Justin.
Justin ficou sem reação.
- Depois que eu fui embora da sua casa há dois anos, um
mês depois eu fiquei sabendo da gravidez.
- E agora você vem me contar? Você não tinha o direito de
me esconder isso Mellanie, não tinha.
- Sim eu tinha. Eu estava pensando no bem do meu filho.
- E foi pensando no bem dele que você deixou Luc colocar
as mãos nele? – ele disse vermelho de raiva. – Se ele estivesse comigo, nada
disso teria acontecido. Está vendo a merda que você fez? Se você tivesse me
contado a partir do momento que colocou os pés aqui Jason estava bem agora.
- Eu não tive culpa... – solucei.
- A
CULPA É TODA SUA, VAGABUNDA.
Foi
muito rápido, Justin partiu pra cima de mim arrancando a arma das minhas mãos e
a jogando longe. Sua mão foi diretamente para meu pescoço, me imprensando na
parede. Ele apertava com força, coloquei minhas mãos sobre a dele tentando me soltar,
mas não tinha como. O chão já estava sumindo dos meus pés, me faltava ar e
lágrimas desciam ainda mais pelo meu rosto. Eu via o ódio em seu rosto, suas
veias saltadas e seu rosto vermelho.
-
Você vai aprender a não mentir mais para mim. Está me ouvindo? – ele me jogou
com brutalidade na cama.
-
Não encosta em mim, porra. – gritei e tentei chutar suas mãos enquanto ele me
puxava pelos pés.
-
CALA A BOCA PORRA. – ele acertou um tapa forte em meu rosto.
Em
seguida foram mais outros que perdi a conta. Tentei revidar mais acabei levando
um soco na boca, onde saiu sangue pra caralho. Eu já estava ficando tão
acostumada com a dor, que agora nem doía mais. Eu só conseguia pensar no Jason.
Justin não parava de me bater, era onde pegasse. Eu já nem tentava me defender,
meu corpo estava dolorido, e com muitos hematomas. Sem falar da marca dos tapas
deixados no meu rosto e meu lábio cortado.
-
Para, por favor... – disse quase sem voz.
-
Por favor? Por favor, é o caralho. Isso é por você ter mentido durante todo esse
tempo para mim, vadia. – ele me acertou outro tapa forte e me jogou no chão.
Gritei
de dor me encolhendo no chão.
-
Está doendo? Me diz, está?
- O
Jason... – murmurei.
- Se
Luc machucá-lo eu vou procurá-lo até no inferno. Ainda tenho tempo para descontar
minha raiva.
Justin
começou a distribuir chutes em mim. Eu não conseguia me mover, ele chutou forte
meu estômago e apaguei.
Justin’s POV
Eu
não consigo descrever a raiva que estou da Mellanie. Como ela foi capaz de
esconder de mim durante todo esse tempo. Jason é meu filho, e eu idiota nunca
desconfiei. Droga, nem vocação para pai eu tenho. Luc colocou o dedo na ferida
errada. Peguei meu celular e liguei para Chaz.
-
Fala cara. – Chaz disse.
-
Quero que localize o mais rápido possível onde está o desgraçado do Luc.
Convoque todo mundo, vamos nos espalhar pela cidade.
- O
que ele fez dessa vez?
-
Está com algo que me pertence.
- O
que?
- O
Jason.
-
Jason?
-
Chaz caralho não faz mais perguntas e faz logo o que eu te pedi. Já estou indo
para o galpão, liga para os meninos. Quero isso para ontem.
Desliguei
e encarei Mellanie desacordada no chão. Minha vontade era de bater ainda mais
nela, mas não quero que Jason fique sem mãe. Pelo menos agora. Peguei uma blusa
qualquer e vesti, pegando a chave do meu carro e minha arma. Desci e fui até a
cozinha.
-
Hey vocês duas, quero que ajudem aquela vadia lá em cima, quando sair deixem a
porta trancada, estão ouvindo? – falei para as empregadas, elas assentiram. –
Levem uma caixa de primeiros socorros, ela vai precisar.
Fui
até a garagem e fui em disparada para o galpão. A imagem do Jason não saia da
minha cabeça, dele correndo pra lá e pra cá em casa. Deveria ter escutado todos
quando falaram que ele era bastante parecido comigo quando pequeno. Mas eu sou
idiota demais para dar ouvidos a isso. Mas de uma coisa eu sei, eu não vou
sossegar enquanto não arrancar o coração do Luc com minhas próprias mãos.
Ninguém mexe com um Bieber, ainda mais quando é meu filho.