Fiquei calada absorvendo o que a Lilly tinha acabado de me
dizer. A minha amiga mais putona, tinha acabado de dizer que estava grávida,
caramba!
- Mel? Tá aí? – Ela perguntou aflita e balancei a cabeça
negativamente saindo do transe.
- Lilly, pode repetir o que você disse? – Perguntei.
- Caralho Mellanie, eu estou grávida. – Ela disse e notei
sua voz chorosa.
- Você não está tirando com a minha cara né?
- Acha mesmo que eu ia brincar com uma coisa dessas? Eu não
sei o que fazer. – Ela gritou no celular.
- Como assim? Você deveria estar feliz! Você vai ter um
bebê e eu vou ser titia. – Disse sorrindo já imaginando a Lilly com barrigão.
- QUÊ? TÁ LOUCA? – Ela berrou. – Um bebê vai ferrar com a
minha vida. – Ouvi seu soluço.
Franzi a testa e cheguei à conclusão que aquela conversa
não poderia acontecer por celular.
- Onde você está? – Perguntei subindo as escadas.
- Estou em casa. Porque?
- Cadê o Ryan? – Cheguei ao meu quarto e peguei a primeira
chave de carro que eu vi na minha frente.
- Ele foi para o galpão.
- Você o contou? – Saí do meu quarto e caminhei apressada
pelo corredor, desci as escadas e fui até o quintal, a procura do Jason.
- Claro que não.
- Ok, não saia daí que eu estou chegando. – Disse e
desliguei a chamada.
Porque a Lilly está tão transtornada com a gravidez? Tudo
bem que eu também fiquei um pouco quando soube que estava grávida do cara que
havia me estuprado, porém, o bebê não tinha culpa de nada.
- Jason? – O chamei e vi cinco cachorros correndo
ensaboados pelo quintal.
Os pit bulls estavam enormes e apesar da raça, eles eram
dóceis e adoravam o Jason. Logo, Jazzy, Jaxon e Lucca apareceram correndo com
coleiras atrás dos cachorros, e bem depois, Jason correndo atrás deles. Dei
risada da cena.
- Eu vou ter que sair agora, olhem o Jason! – Disse alto
para eles ouvirem.
- Pode deixar! Está tudo sob controle. – Lucca disse.
- Só não deixem os cachorros entrar dentro de casa. A
Pattie fica uma fera. – Os avisei.
- Tá bom! – Jazzy gritou alcançando uma cachorra.
Enquanto isso, Jason corria rindo para lá e para cá. Deixei
eles se divertindo e fui para a garagem, a chave era da minha Ferrari preta.
Entrei na mesma, manobrei e saí da garagem. Os portões foram abertos e ganhei
estrada, pisei fundo até chegar à mansão do Ryan.
Parei o carro no portão e baixei o vidro para que me
reconhecessem e liberassem a passagem.
- Bom dia Sra. Bieber. – Disse um dos seguranças.
- Bom dia! – Respondi e passei pelo portão.
Estacionei minha Ferrari bem à frente da entrada e saí.
Entrei sem apertar campainha porque eu sou de casa.
- A senhora Lilly está lhe esperando no quarto. – Uma das
empregadas disse.
- Ok! – Respondi e subi as escadas.
Por que esses garotos fizeram mansões com escadas enormes?
Quando você chega lá em cima, parece que correu uma maratona. Saí abrindo porta
em porta porque eu não sabia qual era o quarto e não tive a inteligência de
perguntar a empregada. Finalmente encontrei o quarto e já vi Lilly deitada na
cama em posição fetal.
- Porquê está assim? – Perguntei fechando à porta do quarto
e ela assustou-se, sentando na cama.
A olhei e parecia que ela estava chorando fazia algumas
horas.
- Ainda me pergunta o porquê? – Ela perguntou e levantou-se,
foi até o banheiro e trouxe algo em suas mãos e jogou em cima da cama. – Esse é
o porquê!
Eram cinco testes de gravidez, olhei e todos deram
positivo.
- Mais Lilly, eu ainda não entendo! É um bebê que você está
gerando, não um monstro. Tem noção de como o Ryan vai ficar feliz quando souber
disso? – Perguntei me sentando na cama e ela fez o mesmo.
- Mellanie, isso era tudo o que eu menos queria. Como eu
fui burra, como eu deixei isso acontecer? – Ela se lamentou, voltando a chorar.
- Às vezes os métodos anticoncepcionais falham. Acontece,
Lilly. Eu também não quis engravidar do Jason tão cedo, mas aconteceu.
Ela me olhou e passou as costas das mãos no rosto, limpando
as lágrimas.
- Você teve a opção de abortar, porque era um estupro,
porque não fez isso? – Ela me perguntou.
- Essa opção nunca passou pela minha cabeça, porque além do
Jason ser filho do Justin, ele também era meu! Um bebê não é um brinquedo que
você pode simplesmente jogar fora se não quiser mais, é uma vida. – Disse a
olhando.
- E a minha vida? Como fica? – Ela disse me olhando
fixamente. – Eu vou ter que cuidar de uma criança...
- Cuidar do seu bebê e do Ryan. É fruto do amor de vocês. –
Respondi. – Você contou a Caitlin?
- Ainda não. Eu liguei logo para ti. – Ela respondeu.
- Eu vou chamar ela aqui, porque eu não estou gostando nada
do rumo dessa conversa. – Disse sincera e peguei meu celular.
Lilly ficou calada e voltou a se jogar na cama. Liguei para
a Caitlin e ela atendeu depois de alguns toques.
- Caitlin?
- Oi amor da minha vida! – Ela respondeu animada e ri
fraco.
- Vem aqui para a casa do Ryan, urgente!
- Nossa, aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou
preocupada.
- Vai acontecer se você não vier. – Disse.
- Estou indo! – Ela disse e desligou.
Olhei para a Lilly que estava choramingando. Parecia que o
mundo estava acabando para ela.
- Você gosta tanto de crianças.... Você adora o Jason,
Lilly. – Disse a olhando.
- Mas é diferente, ele é seu. Eu não tenho a
responsabilidade que você tem. – Ela respondeu.
Passei as mãos no rosto e respirei fundo. Eu sei bem o que
ela estava pensando em fazer, porém ainda tinha esperança de estar enganada.
Fiquei calada até que a Caitlin chegasse, apenas ouvindo os soluços da Lilly.
Nunca a vi chorar tanto na vida.
- Chegueeei! – Caitlin disse adentrando o quarto.
Ela olhou para mim e depois para a Lilly.
- Aconteceu alguma coisa com o Ryan? Porque está chorando?
– Ela perguntou indo até a Lilly e a abraçando, mesmo sem nem saber o que tinha
acontecido.
- Não aconteceu nada com o Ryan, Caitlin! Conta a novidade
para ela, Lilly. – Respondi.
Lilly só chorou e Caitlin viu os testes em cima da cama.
- Você está grávida? – Caitlin perguntou pegando os testes
e olhando. – Ai meu Deus! Vou ser titia! – Ela surtou de felicidade, muito
diferente da Lilly que chorava sem parar.
- Não Caitlin, você não vai. – Respondi me levantando da
cama.
- Porquê não? – Ela me perguntou confusa.
- Conta para ela também, Lilly, que você está pensando em
aborto! – Esbravejei irritada.
- Eu não disse isso! – Lilly disse.
- Mas pensou! – Rebati.
- Que droga! – Lilly disse com raiva. – Eu não quero essa
coisa, satisfeita?
Pela primeira vez, senti vontade de enfiar a mão na cara da
minha melhor amiga. Como ela tinha coragem de se referir à um bebê assim?
- O quê? Porque está dizendo isso, Lilly? – Caitlin a
perguntou.
- Porque ela é uma egoísta, é por isso. – Respondi cruzando
os braços, porque coçando a minha mão já estava para dar um tapa na Lilly para
que talvez, ela pudesse voltar a realidade.
- Eu sou egoísta só porque não quero essa... criança? – Ela
perguntou.
- Lilly, você está recebendo um presente tão lindo e quer
jogá-lo fora como se não fosse nada? – Caitlin a perguntou.
- Mas eu estou no primeiro mês e... – Lilly começou.
- MAS JÁ BATE A PORRA DE UM CORAÇÃO AÍ DENTRO, ENTENDEU? –
Gritei com muita raiva.
- A DECISÃO É MINHA SE EU QUERO OU NÃO TER ESSE BEBÊ! –
Lilly gritou de volta.
- Nada disso! – Caitlin disse. – Foi bom fazer né? Agora
arque com as consequências. Você não tem esse direito, Lilly.
- Vocês não me entendem! – Lilly disse sentando-se na
beirada da cama.
- Você vai mesmo tirar essa vida? – Perguntei à Lilly sem
acreditar.
- Não vai fazer muita diferença. – Ela respondeu e riu sem
humor.
- Eu não acredito no que eu estou ouvindo. – Caitlin disse
perplexa.
- Pois então engravidem vocês! – Lilly disse.
- No seu lugar eu me comportaria como mulher e estava feliz
saltitante por aí, porque estava grávida. – Caitlin respondeu.
- Não importa, eu vou em alguma clínica e faço o aborto! Não
contem ao Ryan. – Lilly disse.
- Vai lá, assassina! – Disse debochada.
- Não muito diferente de você! – Lilly rebateu.
- Pelo menos os que eu mandei para o saco, eram pessoas que
não prestavam, que já haviam feito mal para outras pessoas, não um bebê, que
não tem culpa de a mãe ser tão filha da puta à ponto de pensar só nela! –
Respondi a olhando fixamente.
- Não me julgue por isso, Mellanie! – Lilly disse.
- Foda-se, Lilly. – Disse. – Vai com ela nessa droga de
clínica Caitlin, para ter a certeza que depois que matarem o bebê, ela não
morrer também.
Saí do quarto batendo à porta. Eu não ia conseguir mais
ficar ali ouvindo tamanha besteira. Eu só conseguia pensar no Jason, se naquele
tempo eu tivesse pensamentos como os da Lilly, talvez não existisse Jason hoje.
Talvez a minha vida não faria sentindo, como faz hoje sendo mãe do Jason. Ele é
a minha vida!
Entrei no meu carro, dei à volta no jardim, abriram o
portão e fui para casa. Eu precisava colocar minha cabeça no lugar. Estacionei
meu carro na garagem e entrei em casa, assim que cheguei à sala, Jason vinha
correndo atrás do cachorro, que aliás, estava sujando o piso todo.
- Meu Deus! – Exclamei.
- Segurem ele! – Jaxon disse com a coleira na mão.
- A Pattie vai matar vocês. – Disse.
- Esse é o último. – Jazzy disse.
- Mandem limpar logo. Vem amor, vamos tomar banho. – Disse
pegando o Jason nos braços.
- Ah não mamãe! – Ele disse emburrado, cruzando os braços.
Como alguém pode rejeitar uma criança? Ah Lilly...
- O almoço irá sair daqui à pouco. – Ouvi Rose avisar.
- Oh, vamos ficar limpinho para almoçar. – Disse subindo às
escadas com ele nos braços.
- Quelo banhela. – Jason disse.
- Sim senhor! – Disse beijando suas bochechas que estavam
rosadinhas de tanto correr pelo quintal, atrás dos cachorros.
Chegamos ao seu quarto e levei o porquinho direto para o
banheiro. Coloquei a banheira para encher e fui tirando suas roupas sujas de
grama, shampoo dos cachorros e suor.
- Bolinha mamãe. – Ele disse batendo na água.
Logo entendi que ele queria espuma. Além de tudo, é
exigente.
- Ah claro, isso não pode faltar. – Disse pegando uns sais
e jogando na banheira, logo começou a fazer espuma e Jason continuou balançando
as mãozinhas na banheira, todo feliz.
Desliguei a água e o coloquei dentro da banheira. Peguei alguns
brinquedos e dei para ele brincar.
- Amor, amanhã você vai para a escolinha, conhecer novos
amiguinhos... – Disse ensaboando seu cabelo.
- Vou blincar também, né mamãe? – Ele perguntou brincando
com um barquinho.
- Sim, vai brincar muitoooo. – O coloquei de pé para
ensaboar seu corpo. – Bebê, você ficaria feliz se a titia Lilly desse um
amiguinho para você?
- A titia vai me dar um miguinho? – Ele perguntou.
- Você ia poder brincar muito com ele. – Disse e suspirei.
É uma pena, Lilly.
- Com o auau. – Ele disse e sorri fraco.
- Vocês iam ser bons amiguinhos...
Eu não conseguia parar de pensar nas palavras da Lilly.
Foram tão frias... Não era a minha amiga ali.
Terminei de dar banho no Jason e ele nem queria sair da
banheira. O enrolei em seu roupão do homem-aranha e fui até o seu closet,
deixei que ele escolhesse sua roupinha. Ele só pegou a primeira coisa que viu à
sua frente. Vai ser prático que nem a mamãe aqui. O arrumei e descemos para
almoçar. Os garotos estavam subindo naquele momento para tomar um belo banho.
- Quer que eu espere vocês? – Perguntei.
- Seria uma boa. – Lucca disse. – Onde está a sua mãe?
- Foi fazer umas compras com a Pattie, talvez almocem por
lá.
- Ah ok! Já voltamos! – Ele respondeu e fui para a sala com
o Jason.
Liguei à TV para focar minha atenção em outra coisa e parar
de ficar pensando na Lilly. Ela já era uma mulher e sabia o que fazer da vida
dela, certo? Nada certo. Ela ia fazer uma grande merda!
Balancei minha cabeça negativamente e fiquei passando os
canais, até parar em um de desenhos animados e Jason pediu para deixar lá. Meu
celular começou a tocar, o peguei no bolso e vi que era o Justin.
- Oi. – Disse ao atender.
- Vou almoçar fora com os caras. – Ele disse e eu tinha
quase certeza que ele estava dirigindo.
- Tudo bem. – Respondi.
Justin ficou alguns segundos calados que até pensei que ele
tinha desligado na minha cara.
- Aconteceu alguma coisa? – Ele me perguntou.
- Não. – Disse.
- Sei! – Ele disse desconfiado. – Vou chegar tarde em casa.
- Tá bom.
- E quando eu chegar, a gente vai ter uma conversa. – Ele
disse seguro das suas palavras.
- Beijos! – Disse e desliguei.
Não queria descontar minha raiva da Lilly, no Justin. Mas
se ela aparecesse aqui, eu ia socar ela até a mesma criar juízo. Fiquei
viajando em pensamentos até os garotos descerem para almoçarmos.
- Onde está o Jeremy? – Perguntei enquanto nos servíamos.
- Ele foi jogar golfe com alguns amigos. – Jazzy disse.
- O típico programa de caras ricos. – Lucca respondeu e
eles riram.
- Meu típico programa é beber uma cervejinha na beira da
piscina. – Jaxon disse.
- Faz tempo que não fazemos uma festa na piscina. – Jazzy
disse.
- E vai fazer mais tempo ainda. – Disse cortando o barato
deles.
Só de imaginar aqueles adolescentes ficando bem loucos em
volta daquela piscina, já sinto dor de cabeça.
- Estão liberados para sair em festinha na casa de amigos mais
aqui não. – Disse dando comida ao Jason.
- Porquê? – Jaxon perguntou.
- Adolescente bêbado é confusão na certa e não queremos
atrair mais olhares para a gente, não é mesmo? – Disse os olhando.
- Ah claro. – Jazzy respondeu.
- É foda mesmo ser filhos de pessoas bem-sucedidas. – Lucca
disse.
Jazzy e Jaxon se entreolharam e concordaram com a cabeça.
Lucca ainda não sabia de toda a verdade, mas não daria para esconder por muito
tempo. Meu pai que com certeza, não poderia saber.
Terminamos de almoçar e fui para o meu quarto com o Jason.
O deixei assistindo e fui tomar banho, estava precisando relaxar. Não demorei
muito no banho e vesti uma roupa confortável. Peguei meu celular e me deitei ao
lado do Jason na cama. Fiquei conversando com o Hugh por alguns minutos e
recebi mensagem do meu pai elogiando o Jason, devido à foto que mandei mais
cedo.
Jason subiu em cima de mim e ficou conversando sozinho.
Crianças tem essa mania estranha e engraçada de conversar com elas mesmas.
Fiquei acariciando seus fios caramelizados e tempo depois o percebi quieto, ele
havia dormido. Pouco tempo após, adormeci também.
Acordei por volta das três da tarde com o Jason reclamando
de fome. Quando chegamos à cozinha, Jazzy, Jaxon e Lucca já estavam atacando a
geladeira.
- O que estão fazendo? – Perguntei os assustando.
- Ai Jesus! – Jazzy colocou a mão no coração.
- Vamos fazer sanduiche. – Lucca disse colocando algumas
coisas em cima do balcão.
- Eu tento fazer essa criança comer coisas saudáveis, mas
vocês não colaboram né! – Disse.
- Sentem aí, vamos fazer uns sanduiches deliciosos. – Jazzy
respondeu.
- Se apressem, tem alguém impaciente aqui. – Disse apontando
para o Jason que já queria meter a mão nas coisas.
Ficamos jogando conversa fora enquanto eles bagunçavam a
cozinha. Lanchamos e fomos para a sala assistir TV. Ouvi um carro estacionar em
frente à porta, segundos depois, Pattie e minha mãe passaram pela porta
carregadas de sacolas.
- Wow! Nem me chamaram. – Jazzy reclamou.
- Na próxima você vai, querida. – Pattie disse.
- Compraram os materiais do Jason? – Perguntei.
- Sim, está tudo aqui. – Minha mãe respondeu.
- Ótimo, deixem no quarto dele, depois a Jack vai arrumar.
Elas subiram as escadas com as coisas tagarelando sobre o
dia no shopping. Pelo visto, já são bem amigas.
- Mellanie? Quando é seu aniversário? – Jazzy me perguntou.
- Infelizmente, mês que vem. – Respondi.
- Ué, porque infelizmente? – Lucca perguntou.
- Quem gosta de ficar velha? – Perguntei e eles riram. –
Ninguém gosta.
- Mas você está novinha ainda. – Jaxon disse.
- Ainda bem né. – Respondi.
- Vai ter festão? – Lucca perguntou.
- Não sei.
- Com certeza vai. Você sabe quem a sua irmã é? Ela é... –
Jazzy começou a falar e Jaxon pigarreou. – Foda demais.
- Eu sei disso. – Lucca riu. – Uma pena que já vou estar no
Brasil.
- Qualquer coisa, você dá uma fugidinha para cá, cara. –
Jaxon disse.
- Se meu pai deixar... – Lucca disse.
- Daqui para lá, eu convenço ele. – Respondi.
- Não sei, ele é bem severo e eu vou estar fazendo
faculdade.
- Ah meu filho, você precisa ver o anjo que a Mellanie se
transforma quando quer algo. Coitado do meu irmão, sempre cai nesse rostinho
angelical... – Jaxon disse e gargalhei.
- Nem tanto, Jaxon. – Disse. – Cadê a Stefane? Não a vi
mais.
- Ela estava viajando, mas volta hoje. – Jaxon disse.
- A gente podia ir ao cinema. – Jazzy sugeriu.
- Tem uns filmes bons em cartaz. – Lucca respondeu.
- Combinado então! -
Jaxon disse.
Uma hora depois, Jeremy chegou em casa.
- Eai moçada! – Ele disse sentando-se no sofá, logo depois
dando um grande suspiro. – É a idade. – Rimos. – Cadê o abraço do vovô? – Ele
perguntou abrindo os braços, Jason desceu do sofá e correu para o avô. – Ah,
que abraço gostoso!
- Como foi o jogo? – Jaxon o perguntou.
- Ótimo! Mas da próxima vez vou levar meu amuleto da sorte.
– Ele disse bagunçando os cabelos do Jason que riu.
E a paz reinou na mansão até à noite. Jantamos sem o
Justin, talvez ele vá chegar tarde mesmo hoje. Os garotos foram para o cinema,
minha mãe e Pattie estavam conversando na sala e Jeremy foi descansar.
- Vou colocar o Jason na cama. – Disse me levantando com
ele nos braços, ele estava quase dormindo.
- Quer ajuda? – Minha mãe perguntou.
- Não, está tudo bem. – Sorri. – Boa noite.
- Boa noite! – Elas responderam.
Levei Jason para o seu quarto, o deitei e liguei o abajur.
Dei um beijo no meu anjinho e fui para o meu quarto. Fui para o banheiro e
dessa vez, liguei a banheira. Deixei encher, me despi e entrei. Fechei os olhos
e fiquei pensando em várias coisas, entre elas, de hoje mais cedo na mansão do
Ryan. Da Lilly sendo tão egoísta...
Eu tentava não pensar, mas era impossível. Eu me importava
tanto com ela.
De banho tomado, fui até meu closet, peguei uma calcinha e
procurei uma blusa do Justin. Seu perfume estava impregnado no tecido. Peguei
um hidratante e passei no meu corpo, vendo os minutos passar tão devagar,
queria que esse dia acabasse logo. Me deitei na cama e liguei à TV, coloquei em
um canal qualquer e fiquei assistindo. Era documentários de animais, ótimo!
Peguei meu celular e tinha algumas mensagens da Caitlin.
Com certeza era sobre a Lilly, então preferi não abrir. Já havia me irritado
bastante por hoje. A porta foi aberta, era o Justin. O olhei e estava bem
nítido o seu cansaço, só espero que ele deite e durma.
- Só vou tomar um banho. – Ele disse colocando celular,
arma, chave do carro e carteira em cima do criado mudo e depois marchou para o
banheiro.
Minutos depois, Justin saiu de banho tomado e foi para o
closet. Voltou de lá, com uma
cueca boxer e caminhou até a cama.
- O quê que tá pegando? – Ele me deu um selinho molhado e
jogou-se do meu lado.
- Não é nada. – Respondi.
- Está mentindo. – Ele disse me olhando e olhei para a TV.
- Sei que está cansado, melhor ir dormir. – Mudei de
assunto.
- Cansado é pouco, eu tô cansado pra caralho, mas eu quero
saber o que você tem. – Ele disse paciente me fitando.
- Só estou triste. – Respondi e o olhei, ele me olhava com
a testa franzida.
- E você tem algum motivo para estar triste? – Ele me
perguntou.
- Tenho.
- Quer me dizer qual é?
- Na verdade eu estou triste e muito puta por causa disso.
- Você estar puta com alguma coisa é normal, agora triste é
novidade para mim. – Ele respondeu.
- Porque isso é triste, Justin!
- Amor, tem como parar de enrolar? Daqui a pouco eu deixo
você falando sozinha, meus
olhos estão pesando. – Justin bocejou.
- Então vai dormir.
- Tá bom, se você conseguir dormir com isso te
atormentando... – Ele disse e deu às costas.
Ele me conhecia, filho da mãe.
- A Lilly está grávida! – Disse rápido e Justin virou-se me
olhando.
- A Lilly? Cacete! E eu que pensei que aquele filhote de cruz-credo
não ia engravidar tão cedo. – Ele deu risada e depois cessou o riso. – Ué, e
você está triste por isso?
- É porque ela não quer o bebê.
- Como assim não quer? Depois que faz não tem devolução
não. – Ele respondeu irônico.
- Ela simplesmente não quer, Justin!
- Mas ela não pode fazer nada, o bebê já está lá crescendo.
– Justin deu de ombros.
- Ela disse que vai abortar. – Disse e Justin arregalou os
olhos.
- O Ryan sabe disso? – Ele me perguntou.
- Não, ele não sabe de nada ainda.
- O que a Lilly tem na cabeça? O Ryan ia soltar fogos se
soubesse que ia ser pai.
- Eu sei que ia. – Suspirei. – Eu não acredito que ela vai
fazer isso...
- Vocês são amigas, não conversou com ela?
- Eu conversei, mas ouvindo ela chamar o bebê dela de
“coisa”, a raiva me subiu à cabeça e mandei logo um foda-se.
Justin olhou para o teto e coçou o queixo.
- É complicado, amor. – Ele disse. – Acho que vocês têm que
conversar com calma, talvez ela mude de ideia. Ela gosta tanto do Jason, qual a
dificuldade de gostar de um bebê dela?
- Eu gostaria de saber a resposta da sua pergunta. – Bufei.
– Quando eu descobri que estava grávida de você, eu nem pensei mais em mim, só
pensava no bebê que estava crescendo aqui dentro. Eu amei o Jason logo nas
primeiras semanas, porque ela não pode amar também? – Olhei para o Justin que
ainda encarava o teto.
- Talvez ela só esteja apavorada com essa ideia de ser mãe,
exige mais responsabilidade. Tem que criar, educar uma criança e ainda viver
como a gente vive. – Justin respondeu. – O Ryan não iria deixar ela abortar.
- Eu conheço a Lilly, foda-se se o Ryan deixasse ou não...
- Então se a conhece tão bem, você acha que ela faria isso
mesmo? – Ele me perguntou.
- Depois do que ela me disse hoje, eu não sei. – Suspirei.
- Vem cá! – Ele abriu os braços me convidando para o seu
peito.
Me aconcheguei ali e ele acariciou meus cabelos.
- Eu estou com medo por ela. Medo dela fazer alguma
besteira... – Confessei – E se alguma coisa der errado nessa merda de aborto?
- Você sabia que baratas conseguem sobreviver à uma bomba
nuclear? Ela vai tirar isso de letra. – Ele disse rindo.
- Amor! – O repreendi.
- Foi só para descontrair. Mas, tenta uma última conversa
com ela. Ser mãe não é um bicho de sete cabeças, é?
- Não é.
- Então? Conversa com ela amanhã.
- Tudo bem, eu vou fazer isso.
- Ótimo. – Ele beijou minha testa.
- Obrigada. – Disse e ele me olhou.
- Por?
- Por estar quase dormindo de olhos abertos e ainda ter me
dado ouvidos. – Respondi e ele fechou os olhos, rindo.
- Te amo. – Ele sussurrou.
- Eu também te amo. – O selei.
Minutinhos depois, Justin parou de mexer em meus cabelos e
vi que ele tinha dormido para valer. Quando ele está muito cansado, ele tem a
mania de roncar e era isso que ele estava fazendo agora. Era tolerável.